Parte 1
A primeira parte desta escrita talvez seja um pouco confusa,
eu demoro a engatar em algum assunto e ir adiante. O importante é que você
entenda onde eu quero chegar, então eu vou te dizer o fim pra entender o
desenvolvimento: no fim todos morrerão. Não, não é uma história deprimente com
alguém falando que o mundo acaba em trevas. Apesar estar certa quando digo que
morreremos, o errado é a forma como se vê isso. Eu explico.
Comecei a escrever pensando nos meus medos, em tudo que
fazemos erramos e acertamos, erramos para poder acertar, erramos para aprender
a acertar e depois dá tudo certo. Só que em uma coisa eu já errei tantas vezes tentando
ir pelo caminho correto que chegou à parte em que eu tenho medo disso, é como
um trauma que nós mesmos criamos para evitar fazer aquilo de novo porque temos
a certeza do erro iminente. Eu não sei como resolver, estou aqui e ainda não
sei como fazer/lidar com esses medos e por isso resolvi escrever, talvez isso
seja a fórmula.
Parte 2 (o medo mais temido)
Ele chega ser tão ridículo que todos que me conh
ecem
convivem sabendo que eu o tenho, sabendo tanto que chega a ser normal quando
ele aparece. Eu não tenho uma definição definida (me julguem) pra ele. Talvez o
verbo seja enjoar ou cansar, mas como não é um adjetivo, porque eu sei que não
é meu só está comigo, não dá pra escrever em uma palavra, mas dá para descrever
em várias em exemplo: Eu canso de tudo que eu faço por muito tempo seja
trabalho, seja escrever, seja ler, seja ouvir e assim por diante o que não me
incomoda tanto, pois sair da rotina é até legal. O cúmulo mesmo é que eu canso
das pessoas com quem eu estou. Isso, eu já desisti de tantas que até se tornou
um medo. Medo de não conseguir casar, medo de não conseguir morar com alguém
por muito tempo e medo de ter um filho. Colocando assim parece tão ridículo,
mas pra mim já não é mais, virou rotina, está no cotidiano pensar (todos os
dias, TODOS OS DIAS) na vontade de ter uma criança, um pacote de amor, umas
mãozinhas suas para agarrar seu dedo todos os dias até assim ela resolver ir
viver sua própria vida e mandar o pensamento pra longe porque simplesmente não
dá, não dá, tu não vai querer ter ela todos os dias nos próximos meses e anos.
Eu escrevi agora e soou rude e egoísta, afinal tu não cria a
criança pra ti, tu cria ela para o mundo. E ridículo (ta, ridículo é uma palavra
forte, mas não me entendam mal, não é ridículo porque a pessoa falou o meu medo
é que é) também soou quando todos que tem filhos te dizem que tu nunca vai saber
como é o amor por alguém até tu ter um. Isso é mente fechada, sim (de novo não
me julguem) porque você amaria só aquela pessoinha que saiu de ti? Ou aquelas
duas ou três? Porque só aquelas ali? Tanta gente no mundo precisando de amor e
tu amando só os teus filhos? Ah, mas isso não quer dizer, é claro, que tu vai
tratar mal os filhos dos outros, não, claro que não. Mas é aí, eu não tenho um
bloqueio em amar, amar é fácil, conviver é difícil.
E conviver com alguém diferente de ti, mesmo essa pessoa
aceitando as tuas diferenças é difícil. É difícil tu ser legal com todos à tua
volta, é difícil acordar de manhã e ser a pessoa mais amorosa e que semeia a
paz afinal você é humano e você erra, e erra de novo, erra tantas vezes que
cria um medo. Vai dizer que não?
O meu medo é tentar conviver e não conseguir chegando a
afetar o meu pensamento como uma futura mãe ou esposa, futura chefe ou
empregada dedicada, futuro ser humano tentando ser feliz.
Por que no final nós morremos, no início nós começamos a
andar em direção à felicidade e até o último suspiro de uma vida carnal nós a
buscamos. Morremos e nos tornamos uma luz que busca a felicidade e não vem nada
depois disso a não ser que você consiga achá-la. Aí você será alguém que é
eternamente feliz e que durante a busca conviveu com erros e medos mundanos.
Novamente eu peço que não julguem a partir do que leram e
pensem apenas nos próprios erros. A vida não é perfeita, ela própria não é um
erro, não é infernal e é difícil, é dura e cheia de coisas para temer. Então
não me julguem pelo simples fato de que eu erro também por, talvez, ser
imperfeita demais e temer algo que para os outros é inútil.
E me perdoem por sempre chegar ao final e citar uma teoria
espiritualista (ou algo do tipo), não consigo me culpar por ter medo e depois
não explicar para vocês e para mim mesma que tudo tem um por que, mesmo vendo a
vida de forma tão bruta e lutando para conseguir consertar um medo que era erro
no início.
Obrigada por ler.
Sofia.